Apresentação

          

           No aprazível contexto de confluências e relações interartes entre a literatura, a cultura e as artes, surgiu o interesse por desenvolver o projeto de extensão “O Quixote na Comunidade” que  toma como referência de sua ação O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha ou simplesmente cognominada de Quixote, obra clássica das letras hispânicas do consagrado escritor espanhol Miguel de Cervantes, publicada no início século XVII.

Segundo os estudos literários hispânicos, o Quixote se delineia como sendo a primeira grande novela da modernidade, uma obra que foi concebida como uma paródia dos livros de cavalaria e que se pode considerar como uma obra monumental que, em sua totalidade, está constituída por 126 capítulos, sendo 52 da primeira parte – publicada em 1605 – e 74 da segunda parte –divulgada em 1615– a qual, até os dias de hoje, imortalizou duas grandes personagens vigentes no universo cultural /literário hispânico: Don Quixote e Sancho Pança, figuras protagonistas chaves da obra.

As emblemáticas personagens dom Quixote e Sancho Pança adquiriram, com o passar do tempo, uma projeção de caráter universal ocasionada pela recepção do seu texto, caracterizada  por uma narrativa engenhosa entretecida por traços paródicos, cômicos e irônicos, bem como por um enredo profuso de diálogos habilidosos e peripécias grotescas das personagens que desenrolam diversas ações que refletem, no caso de dom Quixote, aspectos de uma loucura perceptível. Em função das observações da crítica exegética e visão romântica, ambas as figuras foram percebidas como a luta constante entre a realidade e a razão, por uma parte, e a imaginação e o desejo ideal, por outra, o que provocou singulares interpretações na sua trajetória como obra literária.

Para Antônio Roberto Esteves (2005), se trata de uma das obras mais traduzidas do planeta, depois da Bíblia e, apesar das limitações em manter dados estatísticos atualizados, acredita-se que  o Quixote  hoje conta com cerca de meio milhar de edições em sua língua original e mais de um milhar nas mais de setenta línguas a que já foi traduzida a obra. Dessa forma, ao longo de todo esse tempo secular, o Quixote transformou-se na obra mais conhecida da literatura hispânica e em uma das mais importantes da literatura universal e, assim popular, teve, também, uma infinidade de leituras diferentes.

Ao se terem já comemorado mais de quatrocentos anos do lançamento do Quixote e, em função das incontáveis edições e reedições da obra original, além das diferentes versões para o teatro, o cinema, as artes plásticas, envolvendo ilustrações, pinturas, charges, quadrinhos, etc., há quem pense no Quixote, segundo Magnólia Brasil Barbosa do Nascimento (2005), como uma obra difícil, leitura para iniciados, um mundo denso e complexo a que somente leitores privilegiados teriam acesso, sem se perceber – como ressalta a  mesma autora – que o Quixote não foi escrito para eruditos, senão para os milhões de leitores comuns que o livro tem conquistado desde que foi publicado até hoje; provavelmente, leitores seduzidos por sua vez pelo fascinante universo criado nas páginas de ficção trancadas pela engenhosidade cervantina.

À vista disso, o que se pretende ao desenvolver o projeto “O Quixote na Comunidade” é tornar o Quixote cada vez mais conhecido em nosso meio e/ou contexto luso-brasileiro, visando o contato com a leitura da obra e sua recepção por meio de trechos selecionados e de versões para o teatro, o cinema, a pintura, os desenhos, os quadrinhos, as ilustrações etc. e, ao mesmo tempo, enfatizaros valores humanos e criativos que a obra promove por meio da sua recepção, exposição e interpretação das personagens de dom Quixote e Sancho Pança.

Assim, com a intenção de compartilhar e socializar as diversas ações desenvolvidas pelo projeto, foi criado um blog, com conteúdo próprio, visando dar a conhecer à comunidade envolvida e interessada os diversos trabalhos e atividades do projeto e também alguns tópicos de referência por meio de links que envolvem a obra, sua recepção no Brasil e outras possibilidades culturais interartes ou expandidas do Quixote por meio de outras linguagens . Além do mais, um dos alvos principais do projeto, são os jovens estudantes do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas, municipais e particulares brasileiras ou da comunidade local alfenense, regional e/ou interessada, mas, também, outros tipos de públicos como discentes universitários, artistas locais, professores e diversos outros grupos sociais que integram a comunidade, assim como, por exemplo os recuperandos da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) de Alfenas-MG, onde o projeto está tendo um destaque significativo.

(Por: Prof. Dr. Ítalo Oscar Riccardi León – UNIFAL-MG)

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